No ano passado, a SAFER Colorado quase passou despercebida conseguindo uma vitória-surpresa com a sua iniciativa de legalização da maconha em Denver. Desta vez, a Iniciativa de Igualação da Maconha e do Álcool do Colorado as SAFER Colorado, conhecida oficialmente agora como Emenda 44, não vai vencer tão facilmente. Mas, os organizadores da iniciativa dizem que estão bem posicionados e se preparando para as últimas semanas frenéticas antes das eleições de Novembro.

Parque Nacional das Montanhas Rochosas, Colorado
Como a iniciativa de Denver, que legalizou o porte de até trinta gramas de maconha por adultos através de um decreto-lei municipal (que os funcionários municipais ignoraram prontamente), a Emenda 44 é elegante em sua simplicidade. Os eleitores responderão esta pergunta: “Deveria haver uma emenda à seção 18-18-406 (1) dos estatutos revisados do Colorado que legalize o porte de trinta gramas ou menos de maconha por qualquer pessoa com vinte e um anos de idade ou mais?”
Se os eleitores aprovarem a medida, o Colorado pode virar o primeiro estado no país a votar pela legalização da erva. Ou, em um mundo perfeito, se juntará a Nevada, onde uma iniciativa para permitir o porte e venda de quantidades limitadas de maconha está nas urnas e é muito competitiva.
Mas, a briga continua. Nas duas últimas semanas, os cidadãos do Colorado presenciaram entrevistas coletivas em duelo, um desafio ao Prefeito de Denver, John Hickenlooper, que é dono da Cervejaria Wynkoop, um debate entre Mason Tvert da SAFER Colorado e o Procurador-Geral do Colorado, John Suthers, um desafio fracassado a uma parte equivocada do texto da súmula eleitoral, várias visitas de cruzados antidrogas preeminentes e forasteiros e o surgimento de um grupo de pais a favor da iniciativa.
Nesta semana, em uma entrevista coletiva na frente do capitólio estadual, a Guarding Our Children Against Marijuana Prohibition surgiu publicamente pela primeira vez. “Precisamos repensar a proibição da maconha e o que ela diz sobre as prioridades do Colorado e deste país”, disse Jessica Peck Corry, co-fundadora da organização. “A ciência mostra que a maconha é muito menos nociva do que o álcool e pelo bem dos nossos filhos chegou a hora de que a tratemos desse jeito”, disse a analista republicana de políticas públicas que trabalha no Independence Institute em Golden, Colorado, mãe de uma garota de 16 anos.
“Eu não sou usuária de maconha”, disse Corry à Crônica da Guerra Contra as Drogas na quarta-feira. “Contudo, vejo a guerra às drogas como uma ameaça maior ao futuro da minha filha do que o uso recreativo de maconha de adultos poderia ser. O nosso governo gastou $2 bilhões em anúncios antidrogas desde 1998. Eu preferiria ter gastado este dinheiro em bolsas universitárias para os garotos necessitados das nossas comunidades mais pobres. Chegou a hora de acordarmos em relação ao fato de que a proibição não está funcionando”, explicou. “Dizemos que o nosso país confia nos adultos para tomar as decisões nas vidas privadas deles. Chegou a hora de cumprimos esta promessa”.
“Estamos fazendo alguma coisa direito”, disse Mason Tvert da SAFER Colorado entre eventos da imprensa. “Temos duas pessoas administrando toda esta campanha, nada de milhões de dólares, escritório nenhum, nenhuma linha telefônica múltipla e estamos em uma briga muito competitiva”, disse ele à Crônica da Guerra Contra as Drogas. “Embora o Rocky Mountain News tenha dado um resultado de 42% a 53% contra nós, eles apenas pesquisaram as pessoas que tinham votado nas eleições anteriores. Mas, não estamos preocupados com as pesquisas; no ano passado, tínhamos menos pontos percentuais do que isto em Denver, e ganhamos”.
A SAFER Colorado está preocupada com vencer a campanha e usar táticas inovadoras. Na quinta-feira, por exemplo, Tvert lançou um desafio ao Prefeito Hickenlooper na ocasião da inauguração do Grande Festival Americano da Cerveja. Já que “a maconha é mais segura do que o álcool” é um refrão constante – e, até agora, bem-sucedido – da SAFER, Tvert desafiou Hickenlooper e Peter Coors. Para cada cerveja que eles bebiam, Tvert disse, ele ia dar uma tragada de maconha. Nem Coors nem o prefeito aceitaram, mas o desafio conseguiu ainda mais atenção da mídia para Tvert e a iniciativa.
“Este duelo corrente com o prefeito é uma vitória segura para nós”, exclamou Tvert. “Ou ele aparece e é derrotado ou não aparece e pega mal. Estamos tentando fazer algo divertido, novo e interessante que explique claramente a nossa posição de que a maconha é mais segura do que o álcool. Esperamos que Bill O’Reilly esteja assistindo; adoraríamos que viesse atrás da gente”.
Como em Nevada, a oposição está se preparando no Colorado e está trazendo forasteiros de organizações antidrogas nacionais. Os salvadores das crianças do Colorado são cruzados declarados como o diretor da Dads and Mad Moms Against Drug Dealers, Steven Steiner, que, depois que o filho dele morreu de uma overdose de Oxycontin, aceitou financiamento da fabricante do Oxycontin, a Purdue Pharma, para fazer campanha contra a legalização da maconha e até a maconha medicinal. Ele chegou à cidade na quinta-feira. Quem já caiu de pára-quedas para ajudar a deter a iniciativa é a fanática antidrogas de longa data, Calvina Fay, diretora executiva da Drug Free America Foundation. A ex-secretária antidrogas da Casa Branca, a Drª. Andrea Barthwell, se uniu à turba mochileira também; ela planejava travar a disputa com uma série de palestras para alertas as pessoas sobre os perigos da erva do diabo.
“Essa gente é doida”, lamentou Tvert da SAFER Colorado. “Esta gente que vem aqui como Calvina Faye falando sobre os ‘nossos’ filhos no ‘nosso’ estado – ela mora na Flórida e nem filhos tem! E Andrea Barthwell, com suas palestras sobre a maconha. Na primeira palestra dela, a única pessoa que compareceu foi o nosso agente infiltrado, e eles o expulsaram. As palestras são realizadas para convencê-lo de que a maconha é má, mas aparentemente já é preciso concordar com isso para comparecer”, escarneceu.
Mas, nem todos eram forasteiros. Importantes funcionários eleitos do Colorado, inclusive o Procurador-Geral John Suthers e a Vice-Governadora Jane Nelson, são integrantes de uma nova organização “de base” que se opõe à medida, a Stop Amendment 44. Até agora, esse grupo conseguiu se alinhar com a Associação de Pais e Mestres do Colorado, a Associação de Educação do Colorado e a Associação de Executivos Escolares do Colorado contra a iniciativa.
O grupo é liderado pelo presidente do Partido Republicano da Comarca de Boulder, Rob McGuire, o qual Tvert qualificou como um adversário respeitável. “Ele é muito esperto e usa posições inteligentes”, disse Tvert. “Mas, ele está fazendo isto só porque o governador lhe pediu. Porém, o grupo é um problema. Os grupos estão começando a sair contra a gente”.
McGuire pode ser um operador inteligente – não sabemos porque ele não atende as diversas ligações que fizemos em busca de comentários – mas a página da Stop Amendment 44 tem coisas tão malucas como qualquer coisa que Calvina Fay ou Steven Steiner já disseram. Uma página adverte que “Chicletes de maconha podem conter THC suficiente para matar uma criança!”, uma proposição patentemente absurda. Outro texto na página que diz “Tinha Apenas 12 Anos de Idade – Agora, Está Incapacitado pela Maconha” foi escrito por Beverly Kinard, uma ativista antimaconha do Colorado, e fala por si só.
Parece que Outubro vai ser um mês muito interessante no Colorado. A SAFER Colorado consegue alcançar outra vitória como em Denver no ano passado? O elemento-surpresa não existe mais, mas o grupo e seus aliados esperam que a mensagem e a ofensiva midiática deles possam combinar forças para compensá-lo e converter o Colorado no primeiro estado no qual os eleitores tenham escolhido legalizar a maconha.